Experiências profissionais na área da inclusão de pessoas com deficiência
A minha experiência profissional inicial na área da inclusão da pessoa com deficiência se deu na educação Infantil dentro do serviço público, onde pude atender crianças com diversos tipos de deficiência, como a Síndrome de Down, Autismo, baixa visão e alguns tipos de deficiência motora.
O estudo a respeito não da deficiência em si, mas das relações estabelecidas em seu entorno, como: a família com uma criança com deficiência; a escola que precisava incluir; os espaços e a sociedade de forma geral, que de alguma forma mantinha essa relação com a essa criança, me chamava atenção.
Percebia que na maioria das vezes a criança, estava sendo acompanhada na sua deficiência através de atendimentos especializados conforme a sua necessidade: fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional, entre outras conforme a sua especificidade. Contudo, percebia que muitas vezes a família se sentia deslocada, cobrada, angustiada e necessitando de maior acolhimento, aceitação, orientação. Não a respeito do atendimento de seu filho na deficiência, mas na sua postura, direcionamento e orientação diante de muitas questões que sofriam para além da deficiência em si.
Percebia também que a escola, de forma mais generalizada, estava tentando se preparar para atender essas crianças, às vezes através da formação do profissional na Educação Especial, na busca dos conhecimentos pedagógicos, mas sentia que faltava algo no entorno. Meu olhar se voltava para as relações estabelecidas com a família da criança, mas também para as relações dessa família com as demais famílias das crianças sem deficiência, com os profissionais que não estavam preparados ou interessados para conhecer mais sobre a inclusão.
Enfim, a formação sistêmica, me chamava para um olhar ampliado, para além da deficiência.
É muito claro para mim, a necessidade e importância das terapias especializadas de forma precoce, para o desenvolvimento da criança com deficiência. Olhar a criança, suas necessidades e a melhor maneira de desenvolver o quanto antes as habilidades, percepções, relações, o desenvolvimento integral e ao mesmo tempo específico é primordial. Para isso, abençoadamente, temos de forma crescente profissionais buscando a formação e excelência nesse aspecto. Mesmo porque, quem está no convívio desses profissionais, sabe o quanto são apaixonados pela profissão.
No entanto, o meu olhar foi para o entorno dessas crianças, suas famílias, amigos, familiares de amigos, profissionais das escolas, para os espaços onde a inclusão deveria acontecer.
Mais à frente, ainda no serviço público, porém na área do Trabalho, a inclusão da pessoa com deficiência se estendeu para os adolescentes, jovens e adultos. Foi quando pude ter a oportunidade de ampliar ainda mais a experiência dentro do trabalho da inclusão.
Em primeiro lugar olhar para a pessoa com deficiência, suas expectativas, anseios, dificuldades, seus desejos na área profissional. Em seguida, avaliar a sua deficiência e as necessidades no que diz respeito a aprendizagem, formação, preparo, tanto profissional quanto emocional e relacional. E então, ou conjuntamente, olhar a família e os seus medos, inseguranças, seus apoios, dificuldades, tudo aquilo que poderia ajudar, ou mesmo dificultar para essa inclusão. Orientar e preparar a família para esse processo. E, tão importante quanto, olhar para as empresas, suas condições de inclusão, no que diz respeito não apenas ao acesso arquitetônico, mas no preparo das adequações necessárias, no quesito técnico e estrutural, cultural. Dessa forma, o meu foco sempre esteve no quesito emocional, comportamental e, principalmente, relacional em todas as áreas e níveis de hierarquia dentro da empresa, para o processo de inclusão da pessoa com deficiência.
Quem participa ou acompanha esse tipo de trabalho em qualquer esfera, sabe que esse nunca foi um processo simples, que traz resultados imediatos ou absolutamente eficazes, assim como qualquer outra questão que exija mudança de paradigmas e transformação de comportamentos, pensamentos e sentimos. Contudo, através da apresentação, da divulgação da informação, do conhecimento a respeito da deficiência, e da aproximação da pessoa com deficiência em todos os ambientes e áreas, acreditamos sim que passo a passo caminhamos para uma sociedade mais inclusiva.
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